sábado, 20 de março de 2010

Decisão

Não menti. Omiti, sim,, fiz bypasses… mas não menti. Para que possa ver, se quiser, mas para que possa também ser livre de optar por não ver.

Nunca tinha pensado muito sobre o que aconteceria se fosse directamente questionada acerca da verdade. No outro dia, fizeram-me pensar sobre o assunto e, depois de reflexão profunda decidi que, se me encostar à parede, se não me deixar opção… direi a verdade.

Tem todo o direito de querer ouvir directamente da minha boca a confirmação das suas suspeitas, se assim o desejar. É legítimo.

Quanto a mim, não tenho o direito de o impedir de decidir o que quer fazer com algo que pertence a ambos. Sim, o que temos não é só meu, e portanto não posso agir como tal.

Na omissão há margem de legitimidade: há oportunidade de escolha. As coisas não são claras mas há a hipótese de querer (ou não) saber mais (que são dois direitos que lhe assistem). Já usar a mentira é abusivo, porque estaria a manipular as coisas de uma forma que o priva completamente de saber a verdade. Deste modo estou a demiti-lo de participar numa coisa que é nossa e que, se deixar de ser nossa para passar a ser só minha, deixa de fazer sentido.

Dizer a verdade choca, pode ser tumultuoso, é mais imediato. Mentir mina. Destrói  a partir do profundo, lentamente, silenciosamente. O resultado, mais cedo ou mais tarde, de uma forma mais ou menos serena, será provavelmente o mesmo, com a diferença (abissal) que na segunda opção estarei a privá-lo de um direito essencial.

Além disso, se mentisse e fosse descoberta, como poderia ele confiar novamente em mim?

Eu própria prefiro uma verdade dolorosa do que de uma mentira (excepção única quando peço explicitamente que me mintam, mas aí há uma belíssima justificação). 

A verdade merece pelo menos o benefício da dúvida, a mentira pode ser motivo de condenação imediata.

Não é tanto pelo conteúdo... É pela atitude.

The truth, definitely.

0 comentários: